02 junho 2020

Fecho os olhos.
Sinto que quase posso sentir o cheiro da grama meio molhada, ainda está um pouco frio, mas não o suficiente para incomodar. O vento bate no rosto deixando minhas bochechas geladas, e logo penso que deveria procurar uma cafeteria.
Nunca estive naquela cidade antes, e não sei bem o que me levou a ela. Lembro que abri uma lista de cidades no site da companhia aéra, na aba que mostrava as cidades oferecidas, e quando vi a primeira cidade que nunca havia ido, decidi.

Quase posso sentir isso, quando abro olhos, e vejo que estou nas mesmas quatro paredes dos últimos meses. Não posso mais sentir o cheiro da grama molhada, nem carregar a mala que contém todos os itens que preciso pra viver meses fora de casa. Mas agora não sinto mais que estou em casa.

Sinto que estou em uma realidade suspensa, meio que virtual. Não sei se agora estou dormindo e logo esse sonho acaba, ou se eu faço parte de um sonho e por um breve momento essa estranheza representa um sistema que está com falhas, ou se eu estava dormindo quando estava naquele momento, sozinha, sentindo o cheiro da grama e o frio daquela nova cidade.
Só sei que algo parece não se encaixar agora.

E tudo que estou fazendo, parece representar um loop que não me traz nenhuma sensação de vida. Trabalho em coisas que não entendo o por que estou trabalhando, converso com pessoas que não entendo o por que estou conversando e estou vivendo um dia após o outro, fazendo uma coisa após a outra, sem entender nada.

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