22 setembro 2020

Sinto falta de estar presente.

Presente de verdade. Viver o momento com a consciência de que ele está sendo vivido.
Sentir a dor como ela merece ser sentida. E também rir até a barriga doer. Não sei há quanto tempo não dou gargalhadas. Até citar isto, quase havia me esquecido que costumava ser a pessoa da risada que escandalosamente preenche os espaços ali dispostos.

Mas não sinto falta só desta presença que nos permite nos enterrar em nossos momentos de alegrias ou misérias.
Sinto falta da viva, quando faço a incrível caminhada entre o quarto e a cozinha, onde a geladeira é aberta, mas tudo carece de interesse genuíno. O leite, o arroz, as batatas e o alface. Nada para alegrar, nada para entristecer. Nada pra nada.

15 setembro 2020

 A atual forma de socializar. Todos numa tela, e neste exato momento ouço essas vozes, risadas. Sinto saudade de todos.

Mas algo aperta meu peito.
Mais vontade de chorar.
Não to bem.
E ainda que queira, não podemos ser reais.
Não aqui.
Sinto saudades.

12 setembro 2020

Sabe, eu gostaria de ser aquelas pessoas que ao escrever, conseguem organizar as palavras de uma forma que a leitura é fluída, com analogias tão interessantes que a gente se pergunta como é que nunca pensamos naquilo antes. Todos nós conhecemos aquele ou aquela autora que tudo que escreve é como se tivesse conversando com nós, ou como se tivesse escrito tudo o que nosso cérebro gostaria de ter feito.

Mas tudo bem, acho que essa é só uma pequenina frustração que coleciono, nada demais.

Hoje o peso que realmente está sobre meu peito, é não saber o que está acontecendo. Lágrimas incontroláveis estão rolando agora no meu rosto, mas eu simplesmente não sei de onde está vindo tudo isso.

Penso que podem ser os hormônios. Quando se é mulher a gente sempre considera isso. Mas não são só eles, eu sei que não. Existe um buraco, quase como se ele existisse fisicamente em algum lugar do meu corpo. Como se meu estômago tivesse subitamente se tornado canibalista, e tivesse deixado ali um vazio impossível de ser preenchido. E então tomar consciência deste vazio causa essa angústia.

E ainda a vida, como deve ser, segue acontecendo. Totalmente alheia a quaisquer angústias ou felicidades que aqui, ou aí, ocorrem. Sinto que algo está pra acontecer. O que é uma bobagem, né? Sempre tem algo prestes a acontecer. E o futuro está sempre prestes a chegar. O próximo ponto final está sempre prestes a ser colocado. 

18 agosto 2020

De tempos em tempos tem um sentimento que paira sobre mim, e nunca sei muito bem falar sobre ele.

Ele costuma ficar por semanas, às vezes meses. São meus piores momentos. A minha mente cai em uma espiral que parece não ter saída, e eu fico completamente só. Não importa se estou convivendo com muitas pessoas ou não, a solidão é insuportável.

Minha personalidade já naturalmente chorona se aflora ainda mais, claro que não na frente dos outros, afinal a solidão também tem dessas né, a gente não compartilha com o outro o que tá com a gente. Ainda que isso fosse possível, visto que minhas habilidades comunicativas ainda não são capazes de traduzir isto.

Engraçado que quem me conhece até um certo nível de superficialidade me acha "alto astral", mesmo nessas épocas esse tipo de comentário aparece. 

Mas eu to sufocada. Em um loop de solidão mental, tristeza injustificada e ansiedade sempre presente -ainda que mais controlada do que um dia já foi. 

17 agosto 2020

 Será que é tudo sobre tentar não se sentir vazio?

Será que é por isso que as pessoas insistem em tentar se apaixonar e viver romances, ainda que saibam que aquilo, quando colocado em uma balança imaginária, traz mais sofrimento que bonança?

Será que a busca pelo afeto dos pais, daqueles que não o tiveram, no fim das contas é mais sobre a nossa necessidade humana de sentir? 

Raiva, amor, rancor, felicidade.

Será que o vazio não é parte dessa lista, ou foi, por alguma possível entidade extraterrestre que eventualmente domina quaisquer aspectos da nossa pequenez humanidade, rebaixada a um sub sentimento, e então tudo que a gente faz, é pra evitar este limbo sentimental?

11 agosto 2020

Ansiedade

A ansiedade chega a ser um sentimento admirável.
Ela é totalmente adaptável, mutável e flexível.
Não importa a vida que você tem, ou em que momento dela você está.
Se a ansiedade em algum momento esteve com você.
Ela sempre estará.

Você vai aprender a lidar com ela.
Com o tempo, e talvez um pouco de terapia, você vai entendê-la mais.
E aí você vai saber quando ela está preparada para acabar com você.
E também quando ela está ali, só para te observar.
Mas logo ela vai mudar seu modus operandi.

Porém a consciência de que ela é uma companhia constante também vem.
E às vezes você não vai saber os motivos de estar tão cansado.
E aí o aperto no peito.
E aí as lágrimas.
E aí a falta de ar.

Só mais outra crise, você pensa.
Calma, respira.
Lembra como respira?
Ar entra e sai.
Entra e sai.
Entra e sai.

06 agosto 2020

"Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você"
Friedrich Nietzsche

O abismo que nós mesmos contruímos e alimentamos, o abismo que enchemos com nossos piores sentimentos e pensamentos. É quase um espelho.

28 julho 2020

Loop

Isto é um trecho sobre o constante sentimento de repetição que paira sobre nós (e aqui tomo a liberdade de incluir todos nós).
Repetição de vida.
Repetição de desejos.
Repetição de acontecimentos.

Quase não dá mais para saber onde o dia começa e termina. Nem quando um novo mês está chegando novamente. Logo será o ano.
Será que é assim que a vida passa e a gente nem percebe?

10 junho 2020

Peso

Todas as questões existenciais, filosóficas e tão distantes de nós às vezes acabam sendo só um fardo que a gente leva por aí. Me pergunto se não é só uma forma que temos de acharmos problemas.
Será que a gente não consegue só ficar feliz por termos um trabalho "bom", estar em uma casa com relativa segurança e ter alimento todos os dias?

Pra quê a gente procura algo para carregar nas costas e levar por aí com todo o peso que nós mesmos escolhemos aguentar?

07 junho 2020

O menino que eu queria conhecer

ele é um mistério
a ser desvendado
que jamais o será.
gosto dos diálogos
complexos, profundos,
onde ao mesmo tempo
são simples, e coincidentes