05 maio 2020

Não sei bem em que momento esqueci que escrever aliviava a alma. Redescobri este blog há algumas semanas, e desde então to pensando sobre o que eu escreveria hoje em dia. A época de contos, fantasia, e criar personagens feitos pra falar sobre mim mesma não parece mais fazer sentido.
Às vezes dá vontade de falar mais sobre o universo, e questões tão filosóficas que elas aparecem sempre depois de um pouco de álcool.
Mas cá estou, pra dizer pra mim mesma coisas que não falaria na mesa do boteco.

Lendo alguns rascunhos que deixei aqui dos últimos anos, fiquei bem triste. Falar sobre a minha história é também falar sobre um homem. E sabe, eu acho isso bem triste. Gostaria de falar só sobre os livros que li, as coisas que estudei, as cidades que visitei. Mas isso sempre volta na minha cabeça, e quando vem dá um nó na garganta que vai embora quando é falado. A maioria das pessoas não gosta de ouvir, e eu acho que entendo. Não é algo legal, e deixa todo o clima das conversar um pouco estranho, mas no fim das contas é a minha história e um pouco da de todas as mulheres que estão à nossa volta.

Ele não me assombra mais, apesar de ser fácil de confundir essas lembranças e essa quase necessidade de falar, com assombramento (essa palavra existe?).
Sempre digo que eu gostaria de guardar algum tipo de ódio. Ser essas pessoas que não podem ouvir o nome, ou ver a pessoa que nos fez mal. Tenho um pouco a sensação de que isso seria uma forma de auto defesa efetiva.
Mas o que eu sinto é carinho, pois só consigo desejar coisas positivas. Mas também tenho muito, mas muito, medo pelas próximas mulheres. Ele não é outro homem, nem entendeu a gravidade do que aconteceu, e não vai entender. Me dá um enjôo quando penso nisso, e choro.

A gente aprende desde muito cedo o que é ser mulher, principalmente pelo olhar deles. Mas nesses 5 anos, eu desaprendi e reaprendi a ser uma pessoa, e tenho muito orgulho de quem tenho me tornado.

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